João Guimarães Rosa.
Em 2013, fui desafiada a ler a obra de João Guimarães Rosa. Lembro-me de que um dos meus primeiros questionamentos foi sobre o título e o uso do “:” após “Grandes Sertão”, e como isso se relaciona com o personagem central, Riobaldo.
Riobaldo é um ex-jagunço que, em sua velhice, narra, em primeira pessoa, suas reflexões filosóficas sobre a vida, o bem e o mal, e até mesmo sobre a existência de Deus e do Diabo.
O livro nos desafia a compreender a vida de Riobaldo por meio de uma linguagem própria do tempo em que se passa. Trata-se de uma narrativa, por vezes, cansativa, que dificulta o entendimento em algumas partes do romance, mas que se torna cada vez mais instigante à medida que a história se desenrola.
Riobaldo assume para si o sertão, não apenas como um espaço físico, mas como uma parte de si mesmo. Ele vive seus medos, amores, traições e outros conflitos inerentes à vida. Riobaldo vivencia o conflito de amar outro homem (no caso, Diadorim, a quem conhece quando jovem) e, ao descobrir um grande segredo, se questiona constantemente sobre sua própria identidade e os sentidos da vida.
As veredas no livro representam os caminhos que tomamos. Riobaldo escolheu o caminho de lutar pelo que lhe era cabível em sua época, sendo aquilo que lhe era proposto no seu tempo.
A proposta do autor é nos levar a mergulhar no romance de Riobaldo e, por meio dele, nos conhecermos melhor. É, em parte, um convite a nos colocarmos no lugar do próprio Riobaldo, e entender que somos, de certa forma, como um grande sertão, repleto de desafios a serem conquistados.
“O senhor… Mire veja: o mais importante e bonito do mundo é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam.”
Quando falamos de nós mesmos, falamos do caminho que percorremos em nosso sertão. E a pergunta que fica é: onde está o nosso sertão?
Comments
One response to “Grande Sertão: Veredas”
Excelente Convite: olhar o meu Sertão…
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